“Eles são os brasileiros da ultima fronteira
brasileira! Fazem parte da etnia indígena mais populosa do estado. Se autodenominam Huni Kuin, que quer dizer – Povo Verdadeiro”!
Apresentação
Chegamos ao 4º (quarto) e penúltimo artigo (em um total de cinco) da
série que fala dos povos tradicionais de Marechal Thaumaturgo, os quais são um
total de cinco (05): Ashaninka, Kuntanawa, Jaminawa Arara, Huni Kui e Apolima
Arara.
No artigo em pauta, se aventuremos pela história do povo Huni Kuin –
também conhecidos por Kaxinawá. Suas denominações,
suas terras, sua cultura, seus costumes e suas tradições, seu mito fundador e
Xamanismo.
Kaxinawá ou Huni
Kuin
Os
Huni
Kuin também conhecido Kaxinawá são uma etnia indígena sul-americana pertencente
à família linguística pano. Em
Marechal Thaumaturgo babitam as terras do Rio Breu, fronteira Brasil/Peru, em uma terra Indígena
com 31.277 hectares.
São atualmente uma população de 503 pessoas (IBGE 2010), divididas
em dois povos: Ashaninka da família lingüística Aruak e Kaxinawá da família indígena
Pano. Enfrentam como risco potencial ou ameaça a exploração de recursos – tipo madeireiro,
feito por peruanos.
Autodenominam-se huni
kuin (que significa
"homens verdadeiros" ou "gente com costumes conhecidos"). A
palavra "kaxinawá" significa, literalmente, "povo morcego", "povo canibal" ou "povo que anda
à noite"e não é aceita pelas tribos caxinauás. Em Thaumaturfo são mais
conhecidos por Kaxinawá Ashaninka.
Cultura
A ocupação por nordestinos (cearenses e maranhenses) e, em menor escala, bolivianos e peruanos, levou à liquidação da maioria dos grupos
indígenas ou a seu engajamento compulsório nos trabalhos de coleta.
Suas atividades produtivas se organizam a partir da divisão sexual do trabalho, cabendo, ao homem, a guerra, a caça e a pesca. O domínio da maior parte das técnicas de pesca
pertence ao homem. Utilizam anzóis (mesmo antes do contato com a civilização europeia)
feitos com ossos de animais. Pescam com vários tipos de timbó, sendo que as mulheres
participam da colheita de algumas espécies (o puikama). Também praticam essa
atividade em pequenos igarapés, reservando-se, ao homem, a
pesca nos lagos, com espécies mais venenosas.
Cabem, às mulheres, as atividades da coleta,
colheita, preparação de alimentos e plantio. Plantam banana, mandioca, feijão,
amendoim e algodão em roçados. Os homens participam da preparação do terreno,
derrubada da floresta e da coleta caso seja preciso subir numa árvore, como nos
casos do açaí (pana),
patoá (isa), sapota (itxibin),
jaci (kuti), aricuri (xebum), bacaba (pedi isan)
e palmito. Os homens também trazem frutas quando não têm
sorte na caça. As mulheres também são responsáveis pela tecelagem (algodão),
fabricação de cestos e cerâmica.
Mito Fundador
O mito fundador Kaxinawá
explica também a origem do uso de uni ou cipó de ayahuasca - com que se produz uma bebida enteógena utilizada ritualisticamente. Segundo o mito, um homem chamado Yube ficou fascinado ao ver uma
mulher copular com uma anta e depois partir para o fundo do rio como sucuri, após a anta tê-la atraído jogando um jenipapo.
Ele joga um jenipapo à margem do rio com o mesmo
propósito, e agarra-se à cabeça da mulher que emerge das águas. Eles copulam, e
ela concorda em casar-se com ele: o homem mentiu que não tinha esposa. Ambos
foram para o fundo do mar: ela voltou a ser uma sucuri, e ele também se
transformou em uma sucuri.
Ele é alertado pela esposa-sucuri a não tomar o cipó,
como tomavam ela e as outras sucuris, pois, enquanto estivesse no seu efeito,
veria que todos eram na verdade sucuris, não teria mais a ilusão de que todos
eram humanos, e ficaria com medo; ele só desobedeceu uma vez, mas foi
tranquilizado por sua esposa-sucuri através de uma canção.
Um tempo após desobedecer, depois de ter tido
filhos com esta mulher, um peixe que estava sendo caçado por sua esposa-sucuri
o convida a pular para fora do rio, tornando-se um homem novamente. Ele aceita
o convite. Entretanto, fora do rio, a mulher-sucuri vem buscá-lo com seus
filhos para vir de volta ao rio.
Ele se recusa a voltar. Então seu sogro tenta
engoli-lo, para trazê-lo de volta a força; ele consegue, entretanto, se agarrar
nos galhos de uma árvore e gritar por socorro para a sua família humana, que
escuta seu chamado, chega ao local e abre seu sogro-sucuri com uma faca.
Estando a salvo, está muito debilitado e amassado por ter sido parcialmente
engolido: pede então que seus parentes lhe preparem a ayahuasca do cipó e da folha,
para que ele possa se curar.
Após um tempo, Yube morreu, e, desde então, os
Kaxinawá continuaram a beber a ayahuasca que ele ensinou a preparar. De sua
sepultura, nasceram pássaros, como também um pé de cipó.
Xamanismo e Etnomedicina
O xamanismo entre
os caxinauás é uma atividade predominantemente masculina e de mulheres mais
velhas. O poder xamânico (muka)
vem do contato com o mundo sobrenatural que
acontece nos rituais coletivos, através dos sonhos, do uso do rapé e da bebida nixi pae - ayahuasca.
O xamã (mukaia)
cura seu muka e obtém suas
visões (yuxin) cheirando rapé (dume) ou através do nixi
pae. Para Keifenheim, os xamãs, em sua prática etnomédica,
utilizam, preferencialmente, a fumaça do tabaco (dume),
capaz de embriagar os espíritos e, assim, liberar o espírito humano preso por
aqueles para o nixi pae.
Recorrem a essa bebida para dialogar com os espíritos somente quando seus
métodos não alcançam a cura almejada.
O poder espiritual (muka) do xamã pode matar e curar sem usar força física ou veneno. Os caxinauás distinguem dois tipos de remédio (dau): os remédios doces (dau bata) são folhas da mata, certas secreções e
animais e os adornos corporais; os remédios amargos (dau muka) são os poderes invisíveis dos espíritos e
do mukaya. A atividade de identificar, coletar remédios (huni dauya - homem com remédio doce, ervatário)
nem sempre é realizada pelo huni mukaya (xamã), requerendo um processo de
aprendizagem com outro especialista nesse saber.
Segue abaixo o registro fotográfico do
Povo Tradicional Indígena Huni Kuin ou Kaxinawá Ashaninka de Marechal
Thaumaturgo:
Por:
Cleudon França.
Referência:
Google Wikipédia e Site Terras Indígenas.
Registro
Fotográfico: Arquivo Pessoal Cleudon
França.
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