“Um povo que busca a confirmação de suas origens. Que resolveu se mostrar à sociedade não indígena e reivindicar os
seus direitos. Um
povo em constante luta pela garantia de seus direitos!”!
Apresentação
Chegamos ao 5º (quinto) e penúltimo artigo da série que fala dos povos
tradicionais de Marechal Thaumaturgo, os quais são um total de cinco (05):
Ashaninka, Kuntanawa, Jaminawa Arara, Huni Kui e Apolima Arara.
No artigo em pauta, se aventuremos pela história do povo Apolima Arara –
do Rio Amônia. Sua luta por direitos em
especial por terra, suas origens, alimentação e religião, sua organização
familiar e os conflitos vividos em torno da luta por direitos por terra, por
saúde, por educação.
Origem
Com uma
população de 135 pessoas morando nas localidades: Pedreira, Assembleia e
Jacamim, além de outras pessoas espalhadas pela região, esse povo luta pelo
reconhecimento étnico e pela conquista de sua terra.
O nome
Apolima-Arara tem origem na mistura étnica à qual esse povo foi submetido ao
longo da história. Foi formado por indígenas das etnias Chama, Amoaka, Santa
Rosa, Arara e Jaminawa.
Além da
miscigenação, o nome faz referência a uma localidade no Peru onde teriam morado
algumas dessas pessoas, entre elas o Sr. Thaumaturgo de Azevedo, um dos mais
idosos do povo e a pessoa com quem o CIMI manteve os primeiros contatos em
1999, quando esse povo resolveu se mostrar à sociedade não indígena e
reivindicar os seus direitos.
Basicamente
todos falam a língua materna, além do português, e há casos em que se fala o
espanhol e também o Ashaninka. Predomina, no entanto, a língua Pano, falada
principalmente pelos Arara e Jaminawa que fazem parte da composição étnica do
povo.
Luta Pela Garantia de Seus Direitos
Em agosto
de 2000 a FUNAI divulgou o relatório de identificação do povo confirmando o
reconhecimento desse povo como sendo indígena e indicando que, em razão de
serem indígenas, precisariam ser assistidos pelo órgão indigenista oficial. A
partir daí se intensificou a luta pelos seus direitos, principalmente o direito
a terra.
Educação e Saúde
Os
Apolima-Arara não possuem escola diferenciada nem professores indígenas. No
entanto, há, no rio Amônia, próximo à área onde mora boa parte da população,
uma escola cujos professoresmantém boas relações com a comunidade. Não possuem
agentes de saúde indígenas e a assistência à saúde é feita no posto da cidade
de Marechal Thaumaturgo ou, esporadicamente, pela Funasa, através de convênio
com a UNI. Atualmente o povo Apolima
Arara vem obtendo a conquista de direitos nessas áreas (Educação e Saúde).
Terras e Produção
Residem
em áreas de terras pertencentes ao Exército brasileiro, à reserva extrativista
e em um assentamento do Incra. Alguns desses indígenas conquistaram lotes no
assentamento Amônia e ali praticam a agricultura de subsistência. Apesar da
proximidade com a cidade, mantém vivas as tradições, inclusive o artesanato.
Quando
tem excedente de produção, a comercialização é feita diretamente com os
consumidores em Marechal Thaumaturgo. Não há nenhum projeto implantado ou em
fase de implantação junto a esse povo. Alguns moradores do assentamento
conseguiram financiamento com o Basa, mas nada que possa ser considerado como
um investimento direto e planejado.
Posto que
estão em áreas separadas, próximas à cidade e sob influência de não índios, os
Apolima-Arara estão praticamente impossibilitados de exercerem a atividade da
caça. A pesca só é realizada durante o verão e apenas para o consumo.
Alimentação e Religião
A base da
alimentação desse povo é a macaxeira, natural ou em forma de farinha. Também da
macaxeira fazem a Caiçuma, bebida muito apreciada por todos e consumida durante
as festas e reuniões.
Consideram-se
católicos, mas praticam a pajelança e rituais próprios. Há uma separação entre
o pajé e o curandeiro. O curandeiro normalmente utiliza o conhecimento das
ervas e rezas “milagrosas” enquanto o pajé, que se mantém em segredo, atua no
restrito meio espiritual, não realiza curas, apenas orienta para uma boa vida
espiritual, dá conselhos e faz previsões.
Organização Familiar
A família
é patrilinear, obedecendo ao costume dos ribeirinhos e seringueiros da região.
Tradicionalmente praticavam a poligamia, mas atualmente os casamentos são
monogâmicos e o núcleo familiar é formado pelo pai, a mãe e os filhos. A
relação com a comunidade é extra familiar, por isso o roçado, bem como toda a
produção, embora tenha a participação eventual da comunidade, se dá no restrito
meio da família nuclear.
Os nomes
pessoais são dados pelos pais, quase sempre em português, e lembram nomes de
antigos seringalistas e patrões. Não é raro encontrar várias pessoas com o
mesmo nome e sobrenome. Por exemplo: “Francisco dos Santos Siqueira”.
Conflitos
Os
Apolima-Arara têm tido constantes conflitos com parceleiros do Incra e com a
administração municipal que não querem que a área reivindicada se torne terra
indígena. Segundo dados do Incra o Projeto de Assentamento Amônia possui 26.000
hectares. Sendo que boa parte não está cumprindo a função de regularização
fundiária, mas está destinada ao Parque Nacional da Serra do Divisor.
A outra
parte, pertencente ao Exército brasileiro, está destinada à construção de um
“quartel” para pelotão de fronteira, quartel em construção já alguns anos.
Estudos
mais aprofundados sobre esse povo têm sido feitos pelo CIMI e, acredita-se que,
com a conquista da terra, o povo voltará à sua organização tradicional,
favorecendo o estudo e a consequente compreensão do modo de vida e da cultura
do povo.
Segue abaixo o registro fotográfico do
Povo Tradicional Indígena Apolima Arara de Marechal Thaumaturgo, residentes no
Rio Amônia:
Por: Cleudon França.
Registro Fotográfico: Arquivo Pessoal
Cleudon França.
Referência: Lindomar
Padilha (Povo Apolima-Arara: Em Luta Pela Garantia de Seus Direitos).
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