“Não sei o quão difícil foi
para você chegar até aqui. Não sei quantas lágrimas seu travesseiro enxugou,
nem quantos gritos ele abafou. Não faço à mínima ideia do quanto se sentiu só,
mesmo em meio de outras pessoas e o quanto quis ter alguém para poder
desabafar. Não sei o tamanho da sua dor ou do seu sofrimento; mas de uma coisa
eu sei: Deus sempre esteve com você e mesmo sem você perceber, Ele sempre te
deu forças para continuar”!
Durante muito tempo tive pressa.
Hoje, mais amadurecido e na casa dos trinta, pareço o dono da letra que diz
“ando devagar, porque já tive pressa…” e respiro aliviado por perceber que
consegui vencer algumas corridas da juventude. A maior delas, para mim, era a
do relógio biológico.
Atualmente, as corridas são
maiores e mais constantes. São mensagens chegando toda hora pelo WhatsApp;
comentários pipocando na última foto do Instagram; o Messenger exigindo uma
resposta. Para um ansioso e perfeccionista, está formado o cenário do caos.
Porque ele se sente pressionado a responder tudo, a dar conta de tudo, a não
frustrar ninguém. Por outro lado, também tem pressa de ser atendido
instantaneamente, de que suas mensagens não sejam ignoradas, de que do outro
lado às pessoas sejam tão apressadas quanto ele é.
O imediatismo tomou conta de
nossos dias. O que antes se resolvia com uma carta que levava semanas para
chegar, hoje se define com um clique. Uma foto que demorava meses para ser
revelada, hoje é captada, aprovada ou deletada em segundos. Uma massa que era
fabricada amassando farinha e ovos, hoje é preparada apenas acrescentando água
quente. Assim, é de se esperar que tenhamos ficado mais apressados também. Sem
perceber, exigimos que tudo funcione na velocidade de nossa ansiedade, de nossa
expectativa, de nossa pressa.
Porém, a pressa nos rouba do
momento presente. É excesso de futuro, de medo e de expectativa.
É preciso aprender a ignorar
certas coisas. Aprender a separar o que é imediato do que é dispensável.
Aprender a priorizar o que é necessário e não se afobar para dar conta do que é
supérfluo. Aprender a esquecer um pouco o celular, a ignorar por algumas horas
o telefone fixo, a conseguir respirar. De vez em quando é preciso aprender a
sumir. Aprender que se você não for encontrado, o mundo não irá acabar.
Suportar o desconforto de estar “ausente” por algum tempo e entender que a
pessoa que mais o pressiona é você mesmo.
Tem gente que acha que está preso
a uma manivela, e que se deixar de girar a manivela, o mundo irá parar. Porém,
não é assim que funciona. Experimente soltar o eixo que gira o mundo.
Experimente dar chance de outras pessoas assumirem o controle. Experimente a
paz dos que não têm necessidade de provar nada para ninguém. Você verá que o
mundo continuará a girar, que outras pessoas também têm dons e capacidades, que
seu ego pode descansar um pouquinho também.
Peço a Deus que acalme a minha
pressa. Que eu faça morada no presente e não me afobe com excesso de futuro.
Que eu possa aproveitar a companhia dos que estão perto de mim, e não me
torture com a falta de notícias dos que estão longe. Que cada espera tenha seu
peso e sua medida, e que eu não me desgaste aguardando por aquilo que não
merece ser aguardado. Que eu não tenha pressa de me curar nem de mostrar aos
outros que superei, mas que eu seja carinhoso com meu tempo e minhas dores. Que
a pressa de ser feliz não me faça acelerar a felicidade a ponto de perdê-la, e
que quando eu peneirar minhas vivências, não deixe as alegrias escoarem pelos
vãos nem as mágoas serem retidas na trama. Que a leveza me alcance, e com ela a
capacidade de perdoar a corrida dos ponteiros do relógio e o entendimento de
que nada é tão urgente quanto o momento presente.
A todos os amigos e leitores do
Blogger, uma ótima excepcional semana... Sem pressa, vivendo cada hora, cada
manhã, cada tarde, cada noite e cada dia de uma vez só, de uma forma especial!
BY CLEUDON FRANÇA.
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