“Suas Famílias Linguísticas, Suas
Culturas, Suas Tradições, Seus Costumes, Suas Terras, Direitos Conquistados
Reconhecidos, Suas Artes e Suas Lutas”!
Em
Marechal Thaumaturgo há quatro Terras Indígenas: duas ao sul, uma a sudeste e
outra a nordeste, correspondendo a aproximadamente 16,5% da área do Município,
sendo que três fazem fronteira com o Peru.
Essas
terras são habitadas pelos povos das famílias linguísticas Panos e Aruak. As
etnias que vivem nessas terras somam mais de 2.000 pessoas, distribuídas em 17
aldeias (dados de 2014), e em 05 povos: ASHANINKA (Rio Amônia e Rio Breu),
APOLIMA ARARA (Rio Amônia), JAMINAWÁ ARARA (Rio Bajé), KUNTANAWA (Rio Tejo) e
HUNI KUIN (Rio Breu).
ASHANINKAS DO RIO AMÔNIA
E DO RIO BREU
ASHANINKAS DO RIO AMÔNIA |
Os Ashaninka pertencem à família
linguística Aruak (ou Arawak). Eles são o principal componente do conjunto dos
Aruak sub-andinos, também composto pelos Matsiguenga, Nomatsiguenga e Yanesha
(ou Amuesha). Apesar de existirem diferenças dialectais, os Ashaninka
apresentam uma grande homogeneidade cultural e linguística.
Ao longo da história, os Ashaninka
foram identificados sob vários nomes: Ande, Anti, Chuncho, Pilcozone, Tamba, Campari.
Todavia, são mais conhecidos pelo termo “Campa” ou “Kampa”,
nome frequentemente utilizado por antropólogos e missionários para designar os
Ashaninka de maneira exclusiva ou os Aruak sub-andinos de forma genérica - com
exceção dos Piro e dos Amuesha. Ashenĩka é a autodenominação
do povo e pode ser traduzida como “meus parentes”, “minha gente”, “meu povo”. O
termo também designa a categoria de espíritos bons que habitam “no alto” (henoki).
O Povo indígena Ashaninka de Marechal
Thaumaturgo está endereçado no Rio Amônia e Rio Breu.
Segundo dados da CPI-AC de 2004 a
população Ashaninka do Rio Breu erade 114 indivíduos. Já a população Rio Amônia
soma atualmente cerca de 800 indivíduos, ou seja, mais ou menos metade dos
Ashaninka vivendo no Brasil.
Mais de 80% dessa população vive hoje
na aldeia Apiwtxa ou nas suas proximidades. Por via fluvial, a aldeia Apiwtxa
situa-se a aproximadamente 80 quilômetros de Marechal Thaumaturgo e 350 de
Cruzeiro do Sul. Em linha reta, a distância é, respectivamente, de 30 e 180
quilômetros. Essa aldeia foi criada em 1995, na parte baixa da TI, nas proximidades
do limite com a Reserva Extrativista do Alto Juruá e o assentamento do Incra.
A população hoje localizada no rio
Amônia provém de diversos horizontes e é fruto de migrações sucessivas. Além
dos deslocamentos populacionais no sentido Peru-Brasil, via Alto Juruá ou
alguns afluentes do Ucayali ocorreram também ao longo do século XX várias
migrações dos Ashaninka do Envira e do Breu em direção ao rio Amônia. Do mesmo
modo, embora algumas famílias Ashaninka permanecessem de maneira estável no rio
Amônia a partir da década de 1930, existem laços de parentesco que unem os
Ashaninka do Amônia àqueles localizados tanto em território peruano como em
outras terras brasileiras.
Os Ashaninka confirmam que, no final do
século XIX e início do XX, o rio Amônia era também o habitat de índios
Amahuaka, seus inimigos tradicionais e considerados índios "brabos".
Para os patrões caucheiros e seringalistas, a presença dos Amahuaka era uma ameaça
permanente à exploração da borracha e uma preocupação constante.
Conhecidos como excelentes guerreiros,
os Ashaninka serviram os interesses dos patrões brasileiros e peruanos que
promoveram estrategicamente as hostilidades tradicionais entre os dois povos.
Armados e estimulados pelos brancos, que lhes ofereciam mercadorias, os
Ashaninka dizimaram e afugentaram os Amahuaka. Os Ashaninka que moram
atualmente no rio Amônia e Rio Breu não viveram diretamente as correrias contra
os Amahuaka, mas lembram os relatos de seus ascendentes.
Os Ashaninkasde hoje são caçadores,
agricultores e músicos. Entre as suas práticas culturais destaca-se o uso da
bebida sagrada “ayahuasca” que para eles é um chá chamado “Kamarãpi”.
Diferentemente de outros povos, sempre usaram roupas: uma túnica (kushuma) e um
chapéu (amatherentsi).
O atual prefeito eleito do Município –
Isaac Piyânko é do Povo Ashaninka do Rio Amônia (Aldeia Apiwtxa) filho de Dona
Pity e Francisco Piyanko.
OS KUNTANAWAS DO RIO TEJO
KUNTANAWAS DO RIO TEJO |
Os Kuntanawas foram supostamente exterminados
durante as perseguições armadas aos povos indígenas, as chamadas correrias, que
acompanharam a abertura e a instalação dos seringais em todo o Acre, no final
do século XIX e início do século XX. Os últimos descendentes conhecidos desse
grupo são os membros de uma família extensa, conhecida até recentemente no alto
Juruá como “os caboclos do Milton”, numa referência ao nome do seu patriarca
(Milton Gomes da Conceição).
A retomada de sua origem indígena, que resulta
agora num profundo sentimento de indenidade, amparou-se na ascendência indígena
e na história particular do grupo: a luta recente pela criação e manutenção da
Reserva Extrativista do Alto Juruá; as relações de contato com povos indígenas
vizinhos; a retomada de rituais com a bebida ancestral ayahuasca; e a percepção
da discriminação étnica e política.
Inicialmente, o etnônimo foi grafado Kontanawa,
querendo com isso designar “povo do coco”. É assim também que a imprensa e os
documentos governamentais se referem a eles.
Mais recentemente, o grupo começou a pronunciar e
grafar seu nome como Kuntanawa. O fato é que nas línguas Pano, mais
especificamente o Hãtxa Kuin (falada pelos Kaxinawa), a palavra konta não
teria qualquer sentido, e sim kunta, que se refere ao fruto “cocão” (Scheeleaphalerata).
Assim, Kuntanawa poderia ser
traduzido como “povo do cocão”, ou “povo do coco”.
Os Kuntanawa, povo da família linguística Pano, não
falam mais sua língua indígena. Todos falam o português.
Esforços de reconstrução da língua têm sido
realizados por meio de fragmentos ainda vivos na memória da matriarca do grupo,
dona Mariana, do contato com outros povos de língua Pano (como os Kaxinawá e os
Yawanawa) e da grafia que utilizam, e de canções ayahuasqueiras.
Os Kuntanawa vivem às margens do alto rio Tejo, no
interior da Reserva Extrativista (Resex) do Alto Juruá, localizada no extremo
oeste do estado do Acre, no município de Marechal Thaumaturgo. Estão
progressivamente aglutinando-se em aldeias, sendo a principal delas conhecida
como Sete Estrelas.
Esse grupo tem pleiteado o seu reconhecimento
étnico e a identificação e delimitação de sua Terra Indígena, que se sobrepõe a
uma porção da Resex acima referida.
Os Kuntanawa são uma etnia em reconstrução em todos
os aspectos: língua, pintura, rituais e pertencimento. Há iniciativas de
visitas e permanências em Terras Indígenas vizinhas, de reconstituição da
língua de seu povo por meio de outras similares (contato com povos Pano
vizinhos). Sinais externos, como a pintura, são recuperados por meio de
experiências com a ayahuasca e de uma garimpagem apurada nos relatos de dona
Regina, ainda vivos na memória de dona Mariana. Nomes indígenas também estão
sendo adotados.
Artesanatos começam a ser confeccionados a partir
daqueles já feitos por dona Mariana e dos existentes nas Terras Indígenas
vizinhas. Há planos de uma grande migração, visando reunir todos os
descendentes de seu Milton e dona Mariana dentro da área que pleiteiam,
ocupando-a com aldeias que já começam a se estruturar.
Em 2008, os Kuntanawa foram contemplados pela
Edição Xicão Xukuru do Prêmio Culturas Indígenas com o projeto “Revitalização e
Resgate da Cultura do Povo Kuntanawa”, sendo executado durante o ano de 2009.
Ainda no mesmo ano, como apoio da Lei Estadual de Incentivo a Cultura
(governo do Acre), deverá ser lançado um CD com canções compostas por alguns
jovens Kuntanawa. Este mesmo grupo, liderado por Haru, neto de seu Milton, tem
acumulado material em vídeo e tem planos de elaboração de pelo menos um filme
sobre os Kuntanawa.
Os Kuntanawa foram estimados, no ano de 2008, em
400 indivíduos.
JAMINAWAS ARARAS DO RIO
BAJÉ
POVO JAMINAWA ARA DO RIO BAJÉ |
O
povo Jaminawa Arara (Shawanawa) é oriundo da família linguística Pano. Seu
território localiza-se no município de Marechal Thaumaturgo, com uma população
de 378 pessoas, numa área delimitada e demarcada de 28.926 ha. Esse povo se
autodenomina Jaminawa Arara e é conhecido também por Shawanawa, Arara,
Xawanaúa, Xawaná-wa, Chauã-nau, Ararapina, Ararawa, Araraná, Ararauá e
Tachinauá. Sua organização espacial no interior da terra indígena está
distribuída em uma aldeia - Sirqueira e três comunidades, Bom Futuro, Buritizal
e São Sebastião.
A região atualmente habitada pelo povo
indígena Arara era território dos grupos Pano, desde o período pré-cabralino,
mas a partir de meados do século XIX, passou a ser ocupada também por
exploradores e comerciantes vindos de Belém, Manaus e centros urbanos
localizados ao longo do rio Solimões. Entretanto, a exploração e ocupação
efetiva da região do Alto Juruá, ocorreu apenas nas duas últimas décadas do
século XIX, após vários embates com os grupos indígenas da região. Nesse período,
a região foi povoada principalmente por migrantes oriundos do Nordeste
brasileiro. Em fins da última década do século XIX, o Alto Juruá já estava
povoado por brasileiros, quando peruanos “caucheiros” ocuparam a região.
Ao longo da segunda metade do século
XX, os Arara estiveram sob o jugo dos patrões. No final da década de 1980 ao
início da de 1990, muitos Arara migraram para as cidades, principalmente
Cruzeiro do Sul, devido às precárias condições de vida na terra indígena. Os
longos anos de ocupação por não-índios, fez mudar o antigo padrão de vida dos
Arara.
No entanto, mesmo subjugados pelos
patrões, a atividade produtiva voltada para a produção da borracha e a
dependência do sistema de barracões, os Arara não abandonaram costumes
tradicionais como a caça, a pesca, a agricultura e a coleta. Decorrente do
processo de colonização, instrumentos novos foram inseridos a essas atividades,
como machado, terçado, enxada, espingarda e outros.
Com isso, o povo Arara agregou
habilidades como o uso de arma de fogo a uma série de conhecimentos
tradicionais sobre a floresta e sua fauna, e sobre os modos de como um caçador
obter sucesso em sua atividade.
Na produção econômica atual também
criam animais destinados ao consumo familiar ou à venda. As atividades de
coleta destinam-se à colheita de frutos silvestres para completar alimentação,
de produtos medicinais, temperos para os alimentos, óleos vegetais e outros.
Cultivam vários tipos de mandioca, milho, banana, mamão, cana-de-açúcar,
inhame, cará, feijão, fava branca, arroz, batata-doce, plantas medicinais e
temperos.
Os Arara produzem também artesanato
que, antes da dominação imposta pelos não-índios, era confeccionado em grande
escala, inclusive utensílios domésticos, adornos e armas de caça e pesca.
Alguns produtos artesanais como anéis, pulseiras, colares e bolsas de tecido
são comercializados. Os igarapés Braço Esquerda e Rio Bagé, são de extrema
importância para o bem-estar econômico e cultural dos Arara. Seus afluentes e
respectivas cabeceiras coincidem com os limites da terra indígena, região onde
são exercidas atividades de caça, pesca, coleta e agricultura.
Os rituais Arara possuem um forte
vínculo com a cosmologia, mas são principalmente os mitos que retratam melhor
os aspectos cosmológicos do grupo. Os mitos, contados principalmente pelos mais
velhos, vêm a ser a forma própria de transmissão do saber do povo. A narrativa
dos mitos se dá nas línguas Arara ou em português.
A tradição e o saber Arara dependem da
preservação da sua terra, que vem sofrendo constantes invasões por regionais,
causando conflitos latifundiários com a caça predatória. Por este motivo se faz
Urgentes controle, pois esta é a única forma possível de se garantir a liberdade
e o direito de viver desse povo, O Povo Shãwanawa ou Jaminawa Arara,
encontra-se na Terra Indígena Jaminawa-Arara no Rio Bagé munícipio de Marechal
Thaumaturgo este território é reconhecido pelo governo estadual e federal. Esta
terra é habitada por 378 pessoas em quatro aldeias do Clã Shawã, que em sua
língua significa Arara.
Estes ocupam uma área de 28.926 ha, seu
território continua preservado assim como sua cultura.
APOLIMAS ARARAS DO RIO
AMÔNIA
APOLIMAS ARARA DO RIO AMÔNIA |
Com uma população de 135 pessoas morando nas
aldeias Novo Destino e Nova Esperança (Rio Amônia), além de outras pessoas
espalhadas pela região, esse povo luta pelo reconhecimento étnico e pela
conquista de sua terra.
O nome Apolima-Arara tem origem na mistura étnica à
qual esse povo foi submetido ao longo da história. Foi formado por indígenas
das etnias Chama, Amoaka, Santa Rosa, Arara e Jaminawa. Além da miscigenação, o
nome faz referência a uma localidade no Peru onde teriam morado algumas dessas
pessoas, entre elas o Sr. Thaumaturgo de Azevedo, um dos mais idosos do povo e
a pessoa com quem o CIMI manteve os primeiros contatos em 1999, quando esse
povo resolveu se mostrar à sociedade não indígena e reivindicar os seus
direitos.
Basicamente todos falam a língua materna, além do
português, e há casos em que se fala o espanhol e também o Ashaninka.
Predomina, no entanto, a língua Pano, falada principalmente pelos Arara e
Jaminawa que fazem parte da composição étnica do povo.
Em agosto de 2000 a Funai divulgou o relatório de
identificação do povo confirmando o reconhecimento desse povo como sendo
indígena e indicando que, em razão de serem indígenas, precisariam ser
assistidos pelo órgão indigenista oficial. A partir daí se intensificou a luta
pelos seus direitos, principalmente o direito a terra.
Os Apolima-Arara não possuem escola diferenciada
nem professores indígenas. No entanto, há, no Rio Amônia, próximo à área onde
mora boa parte da população, uma escola cujo professores mantém boas relações
com a comunidade. Não possuem agentes de saúde indígenas e a assistência à
saúde é feita no posto da cidade de Marechal Thaumaturgo ou, esporadicamente,
pela Funasa, através de convênio com a UNI.
Residem em áreas de terras pertencentes ao Exército
brasileiro, à reserva extrativista e em um assentamento do Incra. Alguns desses
indígenas conquistaram lotes no assentamento Amônia e ali praticam a
agricultura de subsistência.
Apesar da proximidade com a cidade, mantém vivas as
tradições, inclusive o artesanato. Quando tem excedente de produção, a
comercialização é feita diretamente com os consumidores em Marechal
Thaumaturgo.
Não há nenhum projeto implantado ou em fase de
implantação junto a esse povo. Alguns moradores do assentamento conseguiram
financiamento com o Basa, mas nada que possa ser considerado como um
investimento direto e planejado.
Posto que estão em áreas separadas, próximas à
cidade e sob influência de não índios, os Apolima-Arara estão praticamente
impossibilitados de exercerem a atividade da caça. A pesca só é realizada
durante o verão e apenas para o consumo. A base da alimentação desse povo é a
macaxeira, natural ou em forma de farinha. Também da macaxeira fazem a caiçuma,
bebida muito apreciada por todos e consumida durante as festas e reuniões.
Consideram-se católicos, mas praticam a pajelança e
rituais próprios. Há uma separação entre o pajé e o curandeiro. O curandeiro
normalmente utiliza o conhecimento das ervas e rezas “milagrosas” enquanto o
pajé, que se mantém em segredo, atua no restrito meio espiritual, não realiza
curas, apenas orienta para uma boa vida espiritual, dá conselhos e faz
previsões.
A família é patrilinear, obedecendo ao costume dos
ribeirinhos e seringueiros da região. Tradicionalmente praticavam a poligamia,
mas atualmente os casamentos são monogâmicos e o núcleo familiar é formado pelo
pai, a mãe e os filhos. A relação com a comunidade é extrafamiliar, por isso o
roçado, bem como toda a produção, embora tenha a participação eventual da
comunidade, se dá no restrito meio da família nuclear. Os nomes pessoais são
dados pelos pais, quase sempre em português, e lembram nomes de antigos
seringalistas e patrões. Não é raro encontrar várias pessoas com o mesmo nome e
sobrenome. Por exemplo: “Francisco dos Santos Siqueira”.
Os Apolima-Arara têm tido constantes conflitos com
parceleiros do Incra e com a administração municipal que não querem que a área
reivindicada se torne terra indígena. Segundo dados do Incra o Projeto de
Assentamento Amônia possui 26.000 ha. Sendo que boa parte não está cumprindo a
função de regularização fundiária, mas está destinada ao Parque Nacional da
Serra do Divisor. A outra parte, pertencente ao Exército brasileiro, está
destinada à construção de um “quartel” para pelotão de fronteira. No entanto, não
há nenhum pronunciamento oficial do Exército a esse respeito e nem indícios de
que tal quartel venha a ser construído.
Estudos mais aprofundados sobre esse povo têm sido
feitos pelo CIMI e, acredita-se que, com a conquista da terra, o povo voltará à
sua organização tradicional, favorecendo o estudo e a consequente compreensão
do modo de vida e da cultura do povo.
HUNI KUINS OU KAXINAWÁS
DO RIO BREU
HUNI KUINS DO RIO BREU |
Os
índios Huni Kuin, também conhecidos como Kaxinawá, habitam em Marechal
Thaumaturgo em especifico no Rio Breu, fronteira brasileira-peruana, em uma
terra Indígena com 31.277 hectares
Os
Huni Kuin pertencem à família linguística Pano. “Os grupos Pano designados como
nawa formam um subgrupo desta família por terem línguas e culturas muito
próximas e por terem sido vizinhos durante um longo tempo. Cada um deles se
autodenomina hunikuin, homens verdadeiros”, diz a pesquisa.
Suas atividades produtivas se organizam a partir
da divisão sexual do trabalho, cabendo, ao homem, a guerra,
a caça e a pesca. O domínio da maior parte das técnicas de pesca
pertence ao homem. Utilizam anzóis (mesmo antes do contato com a
civilização europeia) feitos com ossos de animais. Pescam com vários tipos
de timbó, sendo que as mulheres participam da colheita de algumas espécies
(o puikama). Também praticam essa atividade em
pequenos igarapés, reservando-se, ao homem, a pesca nos lagos, com
espécies mais venenosas (Lagrou).
Cabem, às mulheres, as atividades da coleta,
colheita, preparação de alimentos e plantio. Plantam banana, mandioca, feijão,
amendoim e algodão em roçados. Os homens participam da preparação do terreno,
derrubada da floresta e da coleta caso seja preciso subir numa árvore, como nos
casos do açaí (pana), patoá (isa), sapota (itxibin),
jaci (kuti), aricuri (xebum), bacaba (pedi
isan) e palmito.
Os homens também trazem frutas quando não têm sorte
na caça. As mulheres também são responsáveis pela tecelagem (algodão),
fabricação de cestos e cerâmica.
O xamanismo entre os caxinauás é uma
atividade predominantemente masculina e de mulheres mais velhas. O poder
xamânico (muka) vem do contato com o mundo sobrenatural que
acontece nos rituais coletivos, através dos sonhos, do uso
do rapé e da bebida nixi pae - ayahuasca.
O xamã (mukaia) cura seu muka e
obtém suas visões (yuxin) cheirando rapé (dume) ou através
do nixi pae. Para Keifenheim, os xamãs, em sua
prática etnomédica, utilizam, preferencialmente, a fumaça do tabaco (dume),
capaz de embriagar os espíritos e, assim, liberar o espírito humano preso por
aqueles para o nixi pae. Recorrem a essa bebida para dialogar com
os espíritos somente quando seus métodos não alcançam a cura almejada.
O poder espiritual (muka) do xamã pode matar
e curar sem usar força física ou veneno. Os caxinauás distinguem dois
tipos de remédio (dau): os remédios doces (dau bata) são folhas
da mata, certas secreções e animais e os adornos corporais; os
remédios amargos (dau muka) são os poderes invisíveis
dos espíritos e do mukaya.
A atividade de identificar, coletar remédios (huni
dauya - homem com remédio doce, ervatário) nem sempre é realizada
pelo huni mukaya (xamã), requerendo um processo de
aprendizagem com outro especialista nesse saber.
Segue abaixo o registro fotográfico dos 05 (cinco) povos indígenas que habitam as terras Thaumaturguenses.
Ashaninkas do Rio Amônia e Rio Breu
Kuntanawas do Rio Tejo
Jaminawas Arara do Rio Bajé
Apolimas Arara do Rio Amônia
Huni Kuins ou Kaxinawás do Rio Breu
Por: Cleudon França.
Registro Fotográfico: Arquivo Pessoal Cleudon França.
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