“O amor de uma mãe e
de um pai é o combustível que capacita um ser humano comum a fazer o impossível”.
A
música “Trem Bala”, de Ana Vilela, tomou conta das redes sociais. A melodia é
doce, e a letra fala do essencial. Do tempo que corre apressado, da necessidade
de cuidarmos bem uns dos outros, da busca pelo que é realmente importante.
Não
por acaso, a estrofe que diz: “Segura teu filho no colo/ sorria
e abrace teus pais enquanto estão aqui…” é o trecho que mais me comove,
justamente por ir de encontro ao que acredito. A vida passa num segundo. Num
instante estamos vivendo as primeiras histórias, e no instante seguinte estamos
nos despedindo de quem amamos.
É
preciso não adiar os abraços que temos a oferecer, os colos que podemos
proporcionar, os sorrisos que podemos distribuir, os beijos que podemos dar. A
vida não espera termos maturidade suficiente até que possamos
valorizar um terno abraço em nossos pais.
É
preciso sugar o tempo com sabedoria. Entender que trabalho, compromissos e
obrigações são importantes, mas jamais poderão ser tratados como prioridades. Priorizar
é reconhecer aquilo que é essencial, o que tem valor, o que deve vir em
primeiro lugar. É autorizar a presença de alguém em nossa vida e, ao perceber
que esse alguém tem importância, zelar pela relação com respeito, cuidado
e carinho. É entender que o tempo leva embora pessoas que nos são caras, e por
isso não devemos atrasar nossas demonstrações de afeto, nosso querer bem, nosso
“eu te amo” sincero.
Abrace
seus pais enquanto estão aqui. Aproveite a companhia dos “velhos” ouvindo com
atenção as histórias que carregam dentro de si; o jeito como nos
olham revelando que ainda somos “suas crianças”; a maneira como
se alegram quando estamos receptivos ao seu amor.
A
vida nos cobra muito. É lição do filho para ajudar a resolver, prazos apertados
no trabalho, roupa pra passar, chão pra limpar, trânsito e pele boa.
Nesse frenesi encontramos poucas brechas para o essencial. Pouco espaço para um
café com bolinhos ao lado da mãe ou filme no Netflix ao lado do pai. Faltam
pausas amorosas no nosso dia. Momentos em que é preciso brecar o ritmo abusivo
da rotina e abraçar a doce calmaria do encontro.
Entre
a infância e a velhice há um sopro de vida. Um sopro que deve ser valorizado
antes que o tempo transforme promessas em arrependimento. Um instante que deve
ser preenchido com saudades não consumadas, abraço aguardado, coragens
necessárias, afetos declarados, gentilezas insistentes e acenos
temporários.
Sempre
me pergunto quanto tempo dura uma vida inteira.
Talvez menos do que a gente gostaria e nunca o suficiente para termos realizado
tudo. Por isso torna-se primordial não adiar o essencial: café na caneca
de ágata, menino na cadeira espiando a mãe fazendo bolacha de nata,
sensibilidade revelada durante música antiga, amor vivido, arrependimento
esquecido, saudade dizimada, mágoa dissipada, perdão concedido e,
principalmente, abraço apertado em nossos pais…
Para
Manoel Gomes e Jocimar, com muito amor e
carinho:
“Minha gratidão por vocês jamais
poderá ser demonstrada com palavras, mamãe e papai. Obrigado por fazerem de
mim, a pessoa que sou hoje”.
Aos amigos e leitores uma ótima
semana, e, que os abraços paternos e maternos sejam numerosamente distribuídos!
BY CLEUDON FRANÇA
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