“Novo Ensino Médio Tem Como
Pressuposto o Protagonismo do Jovem”. Mendonça Filho Ministro da Educação.
MINISTRO DA EDUCAÇÃO DO GOVERNO TEMER - MENDONÇA FILHO |
O governo federal apresentou
nesta quinta-feira (22) a medida provisória (MP) sobre a reforma do ensino
médio. As mudanças afetam tanto o conteúdo quanto o formato, e vão refletir até
mesmo na elaboração dos vestibulares e do Exame Nacional do Ensino Médio
(Enem).
A previsão do Ministério da
Educação (MEC) é que os primeiros alunos a serem afetados pelo novo formato
sejam os que iniciarem o ensino médio em 2018.
A primeira mudança importante
determinada pela medida provisória é que o conteúdo obrigatório será diminuído
para privilegiar cinco áreas de concentração: linguagens, matemática, ciências
da natureza, ciências humanas e formação técnica e profissional.
O objetivo do governo federal
é incentivar que as redes de ensino ofereçam ao aluno a chance de dar ênfase em
alguma dessas cinco áreas. Já entre os conteúdos que deixam de ser obrigatórios
nesta fase de ensino estão artes, educação física, filosofia e sociologia.
O segundo ponto importante na
mudança será o aumento da carga horária. Ela deve ser ampliada progressivamente
até atingir 1,4 mil horas anuais. Atualmente, o total é de 800. Com a medida, a
intenção do Ministério da Educação (MEC) é incentivar o ensino em tempo
integral, e para isso prevê programa específico de incentivo às escolas em
tempo integral.
O Ministério da Educação
condicionou algumas das mudanças à conclusão do processo de elaboração da Base
Nacional Comum Curricular (BNCC). Atualmente, a BNCC já está em sua segunda
versão após ter passado por discussão em todos os estados do Brasil.
A conclusão do documento
final inicialmente terminaria em junho, mas foi adiada para
novembro e nesta quinta o ministro disse que o processo só deve
ser concluído em "meados" do próximo ano.
O QUE MUDA COM A REFORMA DO
ENSINO MÉDIO?
ASPECTO
LEGAL
A medida provisória apresentada nesta tarde altera artigos da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que é
a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) e da Lei nº 11.494, de junho de 2007,
que é a Lei do Fundeb. Além disso, institui a Política de Fomento à
Implementação de Escola de Ensino Médio em Tempo Integral.
Por ser uma medida provisória, a proposta passa a entrar em vigor
imediatamente após a sua edição pelo Executivo. Mas, para virar lei em
definitivo, precisa ser analisada em uma comissão especial do Congresso e
depois aprovada pela Câmara e pelo Senado em até 120 dias para não perder a
validade.
VEJA ABAIXO OS DESTAQUES DA REFORMA
ITINERÁRIOS
FORMATIVOS E ENSINO TÉCNICO
A medida provisória prevê que o currículo do ensino médio será definido
pela Base Nacional Comum Curricular, que está atualmente em debate. Além disso,
ele deve ser orientado por cinco "itinerários formativos":
linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências humanas e formação
técnica e profissional.
"É muito comum, quando conversamos com um jovem do ensino médio,
ouvir que aquela escola não dialoga com ele, que aquela escola contraria o seu
projeto futuro", disse o ministro da Educação, Mendonça Filho.
A MP não dá diretamente ao aluno a chance de escolher seu itinerário,
pois estabelece que cada sistema de ensino elabore seu próprio currículo.
"Os sistemas de ensino poderão compor os seus currículos com base em mais
de uma área prevista", afirma o texto da Medida Provisória. Por exemplo,
pode ser que o aluno queira optar por concluir o ensino médio com ênfase na
formação técnica e profissional, mas dependerá de a rede estadual oferecer essa
formação.
QUANDO
ENTRA EM VIGOR?
Maria Helena Guimarães, secretária executiva do MEC, diz que a primeira
turma ingressando no novo modelo poderia ser em 2018. O ministro da Educação,
Mendonça Filho, diz que não há um prazo máximo para que todos os estados
estejam no novo modelo, e diz que espera que haja uma demanda dos próprios
estados para acelerar o processo.
Apesar de depender da aprovação da BNCC, o MEC ainda faz a ressalva de
que a MP já terá valor de lei e que escolas privadas e redes estaduais já podem
fazer adaptações seguindo os seus currículos já em vigor.
AUMENTO
DA CARGA HORÁRIA
A carga horária mínima deve ser progressivamente ampliada para 1.400
horas. Antes, a LDB estabelecia em 800 horas anuais, distribuídas em um mínimo
de 200 dias letivos. A MP não estabelece o mínimo de dias letivos.
Além disso, o texto não especifica prazos para que essa ampliação da
carga horária aconteça. Em outro artigo, a MP ainda limita em 1.200 horas a
carga horária total (dos três anos do ensino médio) que as escolas devem
dedicar ao ensino do currículo definido pela Base.
Segundo Maria Helena
Guimarães, secretária-executiva do MEC, metade da carga horária de todo o
ensino médio deverá ser usada no conteúdo obrigatório que será determinado pela
Base Nacional.
INGLÊS
PASSA A SER OBRIGATÓRIO
O ensino da língua inglesa passa a ser obrigatória a partir do sexto
ano. Antes, era obrigatória a inclusão de uma língua estrangeira moderna a
partir do quinto ano. A escolha do idioma, até então, era de responsabilidade
da "comunidade escolar". O ensino de um segundo idioma,
preferencialmente o espanhol, deverá ser optativo.
MÓDULOS
A MP determina que o ensino médio poderá ser organizado em módulos e
adotar o sistema de créditos ou disciplinas.
VESTIBULARES
- PROCESSO SELETIVO
A MP inclui um parágrafo no artigo que regulamenta o ensino superior
para, especificamente, determinar o que deve ser referência no conteúdo dos
processos seletivos, os famosos vestibulares. Os vestibulares deverão cobrar
apenas o que for determinado pela Base Nacional Comum Curricular. "(O processo
seletivo) considerará exclusivamente as competências, as habilidades e as
expectativas de aprendizagem das áreas de conhecimento definidas na Base
Nacional Comum Curricular", afirma o texto da MP.
PROFESSORES
SEM DIPLOMA ESPECÍFICO
A MP vai permitir que profissionais com notório saber, que seja
reconhecido pelos respectivos sistemas de ensino, possam dar aulas de conteúdos
de áreas afins à sua formação.
ARTES,
EDUCAÇÃO FÍSICA, FILOSOFIA E SOCIOLOGIA FORA DO ENSINO MÉDIO
Na versão anterior da LDB, o ensino de artes e de educação física estava
previsto em todas as etapas da educação básica (infantil, fundamental e médio).
Agora, a MP prevê que o ensino dessas duas disciplinas será obrigatório apenas
nos ensinos infantil e fundamental.
Ou seja, no ensino médio, ele será apenas opcional. O mesmo acontece com
as disciplinas de filosofia e sociologia: um inciso da lei indicava que o
ensino delas era obrigatório nos três anos do ensino médio. A MP derrubou esse
inciso.
PRAZOS
O MEC ressaltou que a previsão é que as primeiras turmas a adotarem o
novo modelo sejam as que ingressarem em 2018.
Além disso, a MP dá o prazo de dois anos, após a publicação do texto,
para que os currículos dos cursos de formação de professores tenham por
referência Base Nacional Comum Curricular.
A MP estipula que a carga horária destinada ao cumprimento da Base
Nacional Comum Curricular não poderá ser superior a mil e duzentas horas da
carga horária total do ensino médio. Essa mudança deve ser implementada no
segundo ano letivo após a data de publicação da Base.
INCENTIVO AO ENSINO MÉDIO INTEGRAL
O documento institui uma política de incentivo financeiro às escolas de
ensino médio em tempo integral que forem implementadas a partir da medida
provisória. O Ministério da Educação transferirá recursos para os Estados e
para o Distrito Federal, anualmente, por no máximo quatro anos para cada
escola. O objetivo é que os colégios possam bancar as despesas – é permitido,
também, investir na expansão da merenda escolar.
Os valores serão repassados por meio do Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educação (FNDE). De acordo com a MP, ainda não foi definida
a quantia que será transferida às escolas. Ela vai variar de acordo com o
número de alunos que estudam na instituição de ensino beneficiada. Os colégios
serão obrigados a comprovar, sempre que pedido, como estão administrando o
dinheiro recebido.
POR:
CLEUDON FRANÇA.
PHOTOS:
RETIRADAS DO GOOGLE IMAGENS.
INFORMAÇÕES:
SITE GI (G1.GLOBO.COM).
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