“De repente, dança no meu rosto um sorriso bobo,
solto, desnudo... Que ensaia os primeiros passos com uma tal saudade. Nesse
instante, o medo dá as mãos para a coragem. Como pode tamanha loucura? Sei que
a razão nunca foi o meu forte, mas quem explica quando o coração tira os
curativos e arranca as ataduras? A cicatriz fica exposta e relembra, a todo
instante, a intensidade da dor, contudo, se nesse nível chegou, não adianta ir
mais devagar com o andor, pois o Santo já quebrou. Então, ao constatar este
doce descontrole, deixo o sorriso dançar, saltar, sapatear, porque não vou
conseguir, ou melhor, não vou querer segurar...”!
Hoje
vou sair pro mundo sendo eu. Nada de sorrisos forçados. Nada de esconder os
“bom dias” com um mau humor matinal. Vou ser prazerosamente eu. Vou viver cada
pedaço de mim, provando o mundo como quem come figo maduro lambuzando, com
indecência, a boca e as mãos.
Vou
dispensar os talheres. Descartar todo e qualquer estereótipo e amar de forma
desmedida. Esquecer daqueles cálculos que dizem que tem hora certa pra dizer
que a gente ama ou que a gente não quer mais.
Vou
fazer valer as minhas vontades e vou colocá-las acima das impressões dos
outros. Vou recusar as neuras tolas daqueles que enlouqueceram e dizer que meus
braços estão cansados de carregar coisas que não são minhas.
Vou
filtrar o mundo com a cor dos olhos meus e mergulhar na vida de cabeça. Vou
amar do jeito mais carinhoso e abraçar como se não houvesse amanhã.
Vou
devorar a minha ansiedade e esperar. Vou esperar a fome vir e a fome passar.
Vou esperar até quando eu quiser. Vou me sentar e levantar quando tiver
vontade. Vou beber com ou sem companhia. Sorrir com as histórias que me contam
e passear despreocupada pelas minhas próprias histórias.
Vou
inventar um novo mundo. Um que seja perfeito para mim. Um mundo no qual eu
caiba inteira. Um em que eu me encaixe confortável e feliz. Um no qual eu seja
amada da forma como sou. Com minhas qualidades e defeitos. Vou sonhar um mundo
terno. Que me dê colos e sussurros, no lugar de empurrões e gritos. Vou sonhar
e acreditar que existe por aí um canto perfeito para mim. Uma cadeira desenhada
para acolher perfeitamente meu corpo e um caminho aquecido para receber meus
pés.
Vou
acreditar no melhor para mim. Vou buscar os encantos da vida que se escondem
onde menos esperamos. Vou passar os olhos por tudo e não vou abrir mão daquilo
que me faz bem. Vou acreditar que pode ser real aquilo que apenas os sonhos
alcançam.
É
que passou o tempo da indiferença. Cansei de dormir no chão frio e dizer que
está tudo bem. Acabou o tempo de usar peneiras para estancar o sol. Findou o
tempo de morrer devagar e em silêncio. Agora eu quero gritar vida. Eu quero
respirar vida. Hoje eu vou sair pro mundo e ser, unicamente, eu.
A
todos os amigos e leitores do blog, uma ótima e abençoada semana!
Por:
Cleudon França.
Nenhum comentário:
Postar um comentário