Estar na
Aldeia Apiwtxa é sempre uma experiência única, inovadora e apaixonante. Já
estive lá muitas vezes, dezenas de vezes; a trabalho, participando de eventos esportivos,
de eventos culturais, capacitações, encontros, dentre tantos outros que sempre
me fazem querer volta mais uma vez.
A viagem de
barco dura cerca de três horas – um bom tempo para apreciar a floresta e as
paisagens fantásticas que compõe um cenário digno de uma obra de arte! Sobre o
barulho do motor e ao mesmo tempo, diante de uma calmaria e belezas naturais deslumbrantes,
é impossível evitar a emoção.
Estar na
Aldeia Apiwtxa é completamente diferente de ler a respeito ou de assistir em
vídeo. Nada como o convívio e a experiência. Quantas vezes ouvi gente dizendo
que "índio é preguiçoso", que "índio que ser índio porque está
na moda". Chega de preconceito e de etnocentrismo. Temos que respeitar a
cultura alheia. Quem dera cada pessoa pudesse conviver mesmo que brevemente com
alguma de nossas etnias indígenas.
Os Ashaninka
são muito organizados e articulados. A paixão deles pela floresta deixa
qualquer pessoa encantada. A aldeia dispõe de telefone público, acesso à
internet e de uma pousada para os visitantes. As casas são em maior parte
grandes, suspensas por barrotes, com chão de paxiubão, cobertas de palhas.
Os homens caçam,
pescam e plantam os roçados.... As mulheres vão ao roçado buscar frutas e
macaxeira. Quando a tarde cai, visitam as casas umas das outras, seguem para o
banho e logo se recolhem em suas casas, debaixo de seus cortinados.
As refeições
são feitas com a família toda reunida. As panelas com a comida são postas no
chão e todos sentam em volta. Comem com as mãos, exceto quando há algo cozido.
Após o jantar, todos sentam ou deitam no chão. O chefe da casa então começa a
repassar suas histórias, ensinamentos, mitos. Os filhos ouvem o pai muito
atentos.
Tem o ritual
do kamarãpi, que é quando tomam a ayahuasca com o pajé – ritual que tem a
participação apenas dos homens. É um momento sagrado para eles. No meio do
silêncio e do ritual da ayahuasca, cantam lindas canções da floresta. Tem
também a festa da piyarentsi - a festa da caiçuma que é o contrário do ritual
do kamarãpi – regida ao som de muita cantoria, músicas, danças e tambores.
Mas aqui,
nessa pequena crônica, não quero me aprofundar quanto aos Ashaninkas, seus
costumes, rituais, tradições e sua cultura.... Quero falar do cenário, do lugar
aonde vivem esse tão aguerrido povo indígena que tem sido referência para o
Brasil e para o mundo na luta pela preservação da natureza.
Quero falar do mundo de Apiwtxa.... É emocionante demais estar lá,
conviver e vivenciar toda a magia que rege esse lugar especial localizado no
extremo norte do Brasil, no seio da floresta amazônica. Mais não posso contar tudo
sob pena de perder o encanto.
Apiwtxa é um
mundo de cores e encantos. Um lugar de uma energia diferente e especial. Um
lugar que inspira tranquilidade e paz. A
energia especial de Apiwtxa estar em tudo – nas casas, nas pessoas, nas
plantas, no rio, nos costumes, nas tradições, no ar e no céu.
Por falar em
céu.... Ah, o céu de Apiwtxa a noite é algo extraordinário. É como se Pawa
(Deus do povo Ashaninka) pintasse um cenário especial para os seus filhos. Em
vez, da escuridão, luz, muita luz! Milhares de estrelas iluminam o céu
extraordinário de Apiwtxa.
Apiwtxa é um
outro mundo... Um mundo que inspira paz, felicidade, tranquilidade... Inspira
arte, cultura, tradições, costumes, sabedoria.... Cores, sabores e sorrisos!
Apiwtxa é indescritível; só vivendo e vivenciado para sentir a magia especial
do mundo de Apiwtxa!
Por: Cleudon França
Registros Fotográficos: Cleudon França e Elisson Magalhães.
Registros Fotográficos: Cleudon França e Elisson Magalhães.
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