“Nosso
povo tem uma história que diz: O bom guerreiro, um bom protetor e homem de
conhecimento e aquele que carrega no seu corpo e na sua vida, pouca coisa. Não
precisa levar um mundo e a gente simplifica a maneira de viver”.
Após
participar da 18ª sessão Fórum Permanente sobre Assuntos Indígenas nas Nações
Unidas, na última semana, a liderança indígena, Benki Piyãko, da etnia indígena
Ashaninka do Rio Amônia do Munícipio de Marechal Thaumaturgo participa do
encontro de ministros do Meio Ambiente do G7, em Metz, no leste da França.
Benki leva a mensagem dos povos da floresta para um dos grupos responsável por
políticas públicas da área ambiental.
Na última
segunda-feira, dia 06 de maio, parte do grupo debateu sobre combate ao
desmatamento e proteção de áreas de conservação em todo o mundo. Em sua fala,
Benki apresentou a cultura e ancestralidade de sua comunidade, a Aldeia
Apiwtxa, localizada em Marechal Thaumaturgo, Acre.
“Nosso povo tem uma história que diz: O bom
guerreiro, um bom protetor e homem de conhecimento e aquele que carrega no seu
corpo e na sua vida, pouca coisa. Não precisa levar um mundo e a gente simplifica
a maneira de viver”, declarou Benki, ao traçar um paralelo entre os
estilos de vida de sua cultura com o que se vê, hoje, em quase todo o mundo.
Este
grupo global do G7 que esteve reunido é mais uma alternativa dos países para
discutirem medidas que contribuam para a conservação da biodiversidade e na
luta contra o aquecimento global. O evento ocorreu no mesmo período em que o
mundo teve conhecimento do que pode ser um dos momentos mais trágicos da
humanidade.
Relatório
da Plataforma Intergovernamental sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos
(IPBES), das Nações Unidas, o mais completo dos últimos 50 anos, aponta que o
aquecimento global pode causar matar mais de um milhão de seres vivos. Isto vai
de encontro com o pensamento que Benki seguiu apresentando para os
representantes do G7, de que a extinção de ecossistemas está ligada à economia
e às vidas humanas.
“Aqui, vemos uma política muito ampla que é
responsável por milhões de pessoas e se a gente não escuta os melhores exemplos
os governos podem destruir todo um país. Para construir é difícil, mas para
destruir é muito rápido. Vejo que a economia para dar certa, precisa ter
humanidade. Com o dinheiro que tem na terra, não teria como alguém morrer de
fome, dava para gente ajudar todo mundo. Dava para colocar todo mundo para
trabalhar, ganhar, plantar floresta, cuidar das águas e todo mundo se ajudar.
Precisamos ter respeito humano para mudar a história”,
declarou.
A fala de
Benki é corroborada pela antropóloga Manuela Carneiro da Cunha, que também participou
do relatório da IPBES. “Há estudos que mostram que os povos manejam mais de um
quarto as áreas terrestres. O Brasil não só é o maior de todos os países em
biodiversidade como em sociodiversidade, e já se mostrou que há uma ligação
entre as duas”, afirma, apontando que os saberes dos povos indígenas podem sim
contribuir para a resolução deste problema global, que é a conservação da
natureza.
Aldeia Apiwtxa do Povo Ashaninka do Rio Amônia - Municipio de Marechal Thaumatuego |
Por:
Cleudon França – Com Informações e Fotos
do Site Juruá em Tempo.
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