quarta-feira, 15 de maio de 2019

“Precisamos ter respeito humano para mudar a história”, afirma Bênki Piyãko em encontro do G7, na França.

“Nosso povo tem uma história que diz: O bom guerreiro, um bom protetor e homem de conhecimento e aquele que carrega no seu corpo e na sua vida, pouca coisa. Não precisa levar um mundo e a gente simplifica a maneira de viver”.
Após participar da 18ª sessão Fórum Permanente sobre Assuntos Indígenas nas Nações Unidas, na última semana, a liderança indígena, Benki Piyãko, da etnia indígena Ashaninka do Rio Amônia do Munícipio de Marechal Thaumaturgo participa do encontro de ministros do Meio Ambiente do G7, em Metz, no leste da França. Benki leva a mensagem dos povos da floresta para um dos grupos responsável por políticas públicas da área ambiental.
Na última segunda-feira, dia 06 de maio, parte do grupo debateu sobre combate ao desmatamento e proteção de áreas de conservação em todo o mundo. Em sua fala, Benki apresentou a cultura e ancestralidade de sua comunidade, a Aldeia Apiwtxa, localizada em Marechal Thaumaturgo, Acre.
“Nosso povo tem uma história que diz: O bom guerreiro, um bom protetor e homem de conhecimento e aquele que carrega no seu corpo e na sua vida, pouca coisa. Não precisa levar um mundo e a gente simplifica a maneira de viver”, declarou Benki, ao traçar um paralelo entre os estilos de vida de sua cultura com o que se vê, hoje, em quase todo o mundo.
Este grupo global do G7 que esteve reunido é mais uma alternativa dos países para discutirem medidas que contribuam para a conservação da biodiversidade e na luta contra o aquecimento global. O evento ocorreu no mesmo período em que o mundo teve conhecimento do que pode ser um dos momentos mais trágicos da humanidade.
Relatório da Plataforma Intergovernamental sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES), das Nações Unidas, o mais completo dos últimos 50 anos, aponta que o aquecimento global pode causar matar mais de um milhão de seres vivos. Isto vai de encontro com o pensamento que Benki seguiu apresentando para os representantes do G7, de que a extinção de ecossistemas está ligada à economia e às vidas humanas.
“Aqui, vemos uma política muito ampla que é responsável por milhões de pessoas e se a gente não escuta os melhores exemplos os governos podem destruir todo um país. Para construir é difícil, mas para destruir é muito rápido. Vejo que a economia para dar certa, precisa ter humanidade. Com o dinheiro que tem na terra, não teria como alguém morrer de fome, dava para gente ajudar todo mundo. Dava para colocar todo mundo para trabalhar, ganhar, plantar floresta, cuidar das águas e todo mundo se ajudar. Precisamos ter respeito humano para mudar a história”, declarou.
A fala de Benki é corroborada pela antropóloga Manuela Carneiro da Cunha, que também participou do relatório da IPBES. “Há estudos que mostram que os povos manejam mais de um quarto as áreas terrestres. O Brasil não só é o maior de todos os países em biodiversidade como em sociodiversidade, e já se mostrou que há uma ligação entre as duas”, afirma, apontando que os saberes dos povos indígenas podem sim contribuir para a resolução deste problema global, que é a conservação da natureza.
Aldeia Apiwtxa do Povo Ashaninka do Rio Amônia - Municipio de Marechal Thaumatuego
Por: Cleudon França – Com Informações e Fotos do Site Juruá em Tempo.

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